Amor e Ódio entre cinema e games

Houve um pulso elétrico na cabeça de alguém para ter a idéia de fazer um filme baseado em games, mais precisamente para o cinema, o primeiro deles veio em 1993, com a adaptação de Super Mario Bros. para as telonas, uma desgraçada produção cinematográfica que marcou uma geração com uma certeza quase que absoluta, um game se tornar um filme é o maior erro que Hollywood pode fazer, mas o mundo moderno provou o contrário, ou quase, afinal a tecnologia pode fazer coisas melhores visualmente, mas depois do possível Sonic que pode estrear em 2019, adaptação cinematográfica de games continua sendo "um erro" para alguns e "um desejo" para outros, pode-se chamar de relacionamento abusivo.

Detetetive Pikachu - O Filme é a melhor adaptação dos games para os cinemas indiscutívelmente, esse game foi lançado em fevereiro de 2016 para Nintendo 3DS. Graças ao filme, esse game terá uma sequência para Nintendo Switch.

Um possível pote de ouro que Hollywood não sabe utilizar, diante ao vasto mundo dos games, o cinema trouxe produções desastrosas que, ao lembrar, dá dor de cabeça e nojo de ter assistido aquilo, seja a trilogia de Resident Evil, Need for Speed, o próprio filme do Super Mario Bros. e nem me fale daquela porcaria do Prince of Persia, catástrofe é um termo leve para julgá-los. Muitos produtores executivos, coordenadores ou sejá lá o que for dos milhares de estúdios hollywoodianos dizem que o filme têm que manter um padrão para levar o público e fazer bilheteria, mas como que os "idolatrados" estúdios de Hollywood conseguem pegar todos esses games, jogar em uma forma de bolo e sair, literalmente, o mesmo filme, todos eles começam com uma espécie de origem que relembra o game em si, eis que a trama desenvolve em uma aventura que acontece no que já foi jogado, só que pior, com isso, chegamos ao final de todo filme de ação que têm batalhas épicas, plots incríveis, CGI aos montes e, às vezes, algum romance clichê ou jornada do herói solitário, tentantando engrandecer o momento que ninguém abraçou, a prova que isso falha miseravelmente porque o conjunto da obra é uma pilha de estrume de vaca que te deixa bravo o bastante para querer retirar do cérebro a memória de ter assistido essas desgraças cinematográficas, prova da cobiça do ser humano: "Faz o que quiser que as pessoas vão gostar, eles já jogaram esse 'joguinho', será sucesso".

Entretanto, nem tudo foi atolado na lama, existem filmes que conseguiram trazer momentos dos games que, não foram geniais, mas divertidos e consegue-se curtir o filme em geral, uma coisa alí ou cá pode ser criticada, mas o filme acertou e as pessoas gostaram, vide Tomb Raider da Amanda Vikander, não foi genial, mas trouxe uma origem moderna que já foi contextualizada nos games, colocam ela em momentos parecidos de algumas missões da franquia dos games, existem problemas que ela resolve meio deus ex maquina, mas aida sim é um filme legal, também aconteceu o Angry Birds Movie, como é uma pegada infantil, coloca-lo em nível de humor de desenho animado foi completamente acertado, tanto que as pessoas foram assistir, adoraram o que viram, e terá uma sequência, se vai acertar ou não, o que importa é que eles conseguiram fazer um game ser um filme de sucesso. Em 1995, tivemos o filme do Mortal Kombat, que foi ruim, mas até hoje é elogiado por sua caracterização dos lutadores, Christopher Lambert fez, o que para mim, é a melhor caracterização de um personagem de game para o cinema, o mestre Raiden, pode parecer um exagero, dizer que existem filmes melhores, mas personagem por personagem, foi o melhor já feito para os cinemas, Rampage foi um fracasso de bilheteria, mas trouxe muitas referências do jogo pixelizado, então àqueles que já jogaram Rampage, como eu, até gostaram do filme, mas isso não tira ele da lista de fracassos das adaptações de games para o cinema, por isso a jogada do THe Rock como protagonista, afinal todos gostam dele.

CGI dos atores, narrativa impecável e fotografia artística colocam o game The Last of Us como uma revolução dos video games e, porque não, um filme que você pode jogar.

Engraçado que o contrário está funcionando muito melhor do que poderia imaginar, cada vez mais, games focados muito mais em narrativas do que jogabilidade têm sido a jogada dos estúdios de games, a Rockstar Games é um exemplo com Bully, Grand Theft Auto e Red Dead Redemption, não são as melhores narrativas já criadas, mas você abraça aquela história, em Bully, gostamos da história de James Hopkins, existe hirarquia social de gresasers, playboys, nerds e atletas onde possuem seus territórios, e constrói a narrativa para que o protagonista domine a escola, gerando em uma enorme guerra escolar planejada por seu rival Gary, te prende na história e ainda têm uma excelente jogabilidade, nas franquias GTA mantém a mesma idéia, se pegar do primeiro jogo, passando por todos de cada plataforma, chegando finalmente no GTA V, temos um baita universo expandido, para aqueles que não sabem, Catalina, muito lembrada como a namorada maluca do CJ em GTA San Andreas, apareceu antes no GTA III de PlayStation 2, e após a informação que o possível GTA VI pode trazer uma mulher como protagonista, seria interessante se ela retornasse a franquia como essa personagem, claro que funcionaria como referência apenas, mas agregando ao universo GTA,  você abraça, juntar as histórias acabam trazendo belas narrativas, que faz esse game ser o mais aclamado por várias gerações, e continuará sendo se a Rockstar manter esse nível de perfeição.

A Sony já divulgou uma nota que manterá jogos narrativos nos seus planos, Life is Strange é a prova que a narrativa pode ser, de vez em quando, mais importante do que jogar um mundo aberto, customizar personagem ou jogar coop, e no fim da história, precisamos fazer uma escolha muito difícil, e a emoção é tanta que nos resta chorar com o fim da história e por essa maravilha de game. Se isso não era o mais próximo de jogar um filme, a Sony pretende, em seu PlayStation 5, acabar com o carregamento de tela, ou seja, de cutscene para você jogando será uma questão de menos de um segundo, te jogando em uma imersão maior do que já foi feita, aí sim pode-se falar que está jogando um filme, sem falar que os games revolucionaram o manifesto das sete artes, tornondo-as um total de doze, o video game é considerada o décimo manifesto da arte, respeitosamente ele conquistou seu espaço, sem manchar ou ofender qualquer outro manifesto já conhecido, para os tradicionais que não consideram uma arte, o choro é livre. Novos games como Death Stranding, Cyberpunk 2077 e Watchdogs Legion mostram que a jogabilidade pode andar junto com narrativa, fazendo qualquer um se divertir com aquele game, seja ele qual for o gênero, em primeira ou terceira pessoa, personagens masculino, feminino ou diversos, os games conseguiram manter toques da sétima arte em seu mundo e funcionar de forma maestral, Hollywood deveria se espelhar em como isso é feito, ao invés de entupir o filme com CGIs bonitos para maquiar um roteiro preguiçoso.

A Paramount e os outros estúdios parceiros deveriam entender que não é o visual do Sonic que mudará a opinião do povo, pelo trailer, já e de se esperar um desastre em forma de filme.

O casamento de cinema e games é um relacionamento problemático com o público, enquanto um consegue trabalhar perfeições narrativas dentro de sua jogabilidade, o outro só presta atenção em bilheteria e escreve qualquer coisa para chamar de roteiro, não é surpresa o porquê da indústria de games conseguir bater o cinema em números de aceitação em base de bilheteria, ou no caso vendas do game, por mais que exista o MCU e outras franquias a serem produzidas, os games mantém uma média de lucro a qual segue crescendo e se mantém como a melhor forma de entretenimento no mundo, principalmente com essa escassez de ideias de Hollywood, enfim, a famosa habilidade de ter expectativa baixa em filmes adaptados em games segue como a única regra para essas porcarias em tela, deve ser por isso que alguns filmes conseguem ter nossa simpatia, porque senão assim, poderiam ser rotulados como mais uma adaptação fracassada dos cinemas.