Mãe! - Crítica

Filme bom é aquele que você sai da sessão ainda falando sobre ele e fica horas comentando com seus amigos sobre cada cena, elenco, direção e outras coisas mais. Caso o filme seja ruim, nem se dá o trabalho de comentar, afinal só quer esquecer que assistiu, mas apenas um ótimo filme faz você sair da sessão perplexo, tentando digerir tudo que viu, e mesmo depois disso, acaba comentando com seus amigos e perceber que eles absorveram de outra maneira a qual você não percebeu. Um filme de difícil linguagem, onde pode-se entender de várias maneiras, isso que é um ótimo filme, caso as pessoas realmente entenderem.

O filme "Mãe!" é um verdadeiro embaralhado de metáforas o qual muitos não vão entender. Não é divertido, é reflexivo, muito além das telas de cinema. As linhas do roteiro não são simples, mas ao mesmo tempo fácil de desenrolar tudo, e a genialidade de passar mil mensagens em cada cena, é o motivo o qual muitos vão sair péssimos da sessão, no sentido de sentar e refletir, tudo parece ter algo a mais, e outras coisas não, a beleza desse filme é o modo como as pessoas que já assistiram saíram, ninguém conseguiu comentar o filme de início, não conseguiram ter uma opinião do filme, porque visualmente ele foi assistido, porém mentalmente estava tudo baginçado.

A experiência que esse filme proporciona é realmente única, poucos filmes tiveram essa proeza, o que pode ser um risco de fracasso. Filmes desse tipo de linguagem pode ser negativamente criticado pelo simples fato que a pessoa não absorveu o filme da maneira correta, esperando alguma coisa ou tentando enteder as cenas antes de terminar de assistir e assim estraga a experiência. A ideia é fazer você pensar, refletir, montar um quebra cabeça mental, e conseguir ter a sua visão do filme, que não é absoluta. Após a sessão, percebi que houveram muitas visões diferentes do filme que não estão erradas, parando para pensar, é possível entender a visão do outro, mesmo ela sendo completamente diferente, isso que faz o filme ser genial. Eu saí da sessão com uma visão do filme de forma superficial, o que me pareceu um filme espetacular, após ligar as metáforas e detalhes presentes, a minha visão foi muito mais além, não mudando o fato de ser um filme ainda espetacular.

A atriz Jennifer Lawrence faz justiça a sua estante de prêmios, ela foi muito bem, não foi um personagem de extrema dificuldade para fazer, mas as expressões dela são realmente um marco em sua carreira, felicidade, tristeza, amor e ódio, ela consegue passar isso perfeitamente. Em "Mãe!" ela faz uma jovem casada que sonha em ter filhos e viver feliz com seu marido, a qual tem muitos conflitos com o mesmo. Javier Bardem é outro que prova o porque de suas premiações, faz o papel de marido escritor, que perdeu a inspiração para escrever novos textos, após um tempo consegue escrever e isso o leva a fama, do hiato ao sucesso do autor, o sentimento é passado de forma genial pelo ator. Apesar de aparecer pouco, temos que se falar de Michelle Pfeiffer, sua personagem traz mil coisas na cabeça, ela faz a esposa de um fã do autor, aparentemente uma personagem descartável falando dessa maneira, mas o simbolismo dela no filme é de dividir opiniões, mas sem tirar a genialidade, pois ela foi bem, outros acharam regular, mas alguns acharam incrível, o qual é o meu caso, ela transparece mais do que aparenta, isso é de cair o queixo.

Falar do diretor, Darren Aronofsky é algo simples, diferente de seus filmes. Ele é um gênio, sem mais, isso foi provado em "Requiem for a dream" e também em "Cisne Negro", para quem já assistiu seus filmes, conhece bem o que ele faz, as reviravoltas do filme, o terror psicológico, simplesmente pega seu cérebro e faz purê com ele. O diretor gosta de colocar mais de uma linha de história no filme, de forma proposital. Em coletiva ele comentou que faz isso para atingir as pessoas de forma diferente, para que haja mais de uma visão do filme, é o que faz seus filmes serem tão comentados, o modo como as pessoas discutem a visão que teve, é a melhor coisa que o filme pode fazer, gerar opiniões diversas. Também foi questionado a cor amarela em seus filmes, que realmente é uma curiosidade intrigante, mas desapontante quando ele responde que não há uma resposta para isso.

Apenas assista o filme, se você ficar tentando entendê-lo enquanto assiste, irá estragar a experiência e será um filme ruim, não quebre a cabeça antes do final, pois o filme é sensacional, um pouco claustrofóbico, porém muito emocional, além de metáforas e simbolismo. Se saber assistir o filme, não dizendo que não irá saber, conseguirá absorver de uma forma que, com certeza, te trará alguma lição, um sentimento e até uma reflexão existencial de nossas vidas, dependendo de como será entendido, que no caso é irrelevante, pois o filme tem mais de uma narrativa, trará visões diferentes do roteiro, mas que pode ser questionado e considerado um filme fraco, caso as pessoas irem ao cinema achando que irão assistir um filme simples, o que é exatamente o contrário, basta assistir e entenderá...ou não.